terça-feira, 14 de setembro de 2010

A JESSICA ISABEL E A CONSTANÇA


Hoje foi o 1º dia de escola do meu mai’ novo, ontem foi a apresentação. Naturalmente, o que o pai espera é que a turma seja homogénea, para que eles aprendam o mais possível. Não é.
A escola pública é de facto um nivelador social, uma bimby que mistura pobres e ricos, filhos de iletrados e infantes de doutorados, bairros sociais e condomínios privados, C&A versus D&G. No “meu” 1º D, uma feirante queria saber como podia impedir a mãe da criança de levá-la à saída, pois o companheiro tem a guarda da petiza, e uma executiva queria saber se podia ser a ama (presente na reunião) da Constança a levá-la para casa…
Aliás, os papás desta futura debutante devem ter saído a correr à procura de vaga no Luso-Francês, depois de verificarem que a sua asséptica donzela, de trança irrepreensível, terá 4 ou 5 parceiros ciganos.
O que deixou os pais todos de queixo caído foi saberem que o 1ºD também é 4ºD: além dos 16 caloiros, há 8 miúdos do 4º ano, que “não estão ao mesmo nível” dos outros, eufemismo para deviam-chumbar-mas-é-muito-complicado. Conforme a versão, as profs das 4as classes borregaram à última hora ou o Sr. Director Regional de Educação não aceitou turmas pequenas e, em vez de repetirem o 3º, vão para o 1º. A lei permite turmas mistas, mas isto não serve a ninguém, nem aos iniciados, nem ao professor, nem aos humilhados “finalistas”. O prof recomendou que não levassem lápis do mickey&Ca para os miúdos não se distrairem, mas dar 2 matérias à vez já não dispersa!
E a escola? Bem, a escola está incluída no grande investimento público da renovação do parque escolar, abre daqui a ano e meio. Por ora, a escola é um grupo de contentores encavalitados num gaveto emprestado pelo Belmiro.

Antes isso que fechar, como uma das 700 encerradas este ano (à Jogos sem Fronteiras, Lamego lidera com 21). Candidatas a ganhar pó ou a serem reconvertidas em restaurantes (Milfontes), juntas de freguesia (Paredes), jardins-de-infância (Lamego), centros de dia para idosos (Chaves), ranchos de folclore, clubes de caçadores, igrejas (Odemira), museus (Caldas da Rainha), centros de Novas Oportunidades, ou habitação (Amarante). Casas giras!!!
Parece-me é que ninguém quer viver onde não trabalha e onde os filhos não estudam, o interior continuará a definhar. Acho.
A medida talvez acabe por ser positiva, faz-me é alguma confusão que uma hora diária de autocarro a milhares de crianças com 6 anos seja menos importante que o stress causado a uma loba e 3 crias perante a visão de torres eólicas e cabos de alta tensão – parando há quase 2 anos um investimento de 600M€ da Ventinvest (consórcio liderado pela Galp) entre Armamar e Moimenta da Beira, a aguardar autorização do Ministério do Ambiente. Ironicamente, prós lados de Lamego.

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