quarta-feira, 15 de setembro de 2010

AINDA NÃO!!!



Tá tudo a bater nos quarenta. Taça-taca-taca, uns atrás dos outros. Às dezenas, neste ano e no próximo, a sair dos trinta, em que somos só “crescidinhos”, uns pós-jovens a quem se ainda desculpam os disparates. O que vale é que vamos acompanhados.
Na verdade, tem a mesma importância da passagem do ano, é só mais um dia: não acordamos com “cruzes” ou cãs. Mas não deixa de ser um selo (de lacre, digo eu), uma passagem, um número sonante – é um número demasiado drástico para a idade que eu tenho...
Aos 40, é oficial e irreversível: somos senhores – embora não o sintamos ou ainda não nos apeteça sê-lo. Devo dizer que, assim de repente, não sei onde estará a ternura dos quarenta: mais uns pozinhos e metade já cá canta, ou adaptando Mário de Andrade, temos tanto passado* quanto futuro. E menos tonicidade cutânea, já agora.
E não venham com a história da sabedoria, razão tem Tom Sheppard, “penso que a idade é um preço muito alto que temos que pagar pela maturidade”.
E dadas tantas as decisões que já tomámos – a dedicação na escola (a primeira e mais importante escolha), aquele curso, aquele primeiro emprego (ou a recusa dum outro), viver naquela terra, casar naquela altura com aquela pessoa, ter filhos –, é caso para dizer alea jacta est, os dados foram lançados! E fica sempre o SE, pois apenas uma pequena mudança na rota podia ter resultados irreconhecíveis, um professor obeso de Viseu podia ser hoje um espadaúdo médico na Somália. Quem viu os filmes “O efeito borboleta” ou “Duas vidas” compreende o que quero dizer.
Enfim, dá para perceber que não me está nada a apetecer. Há dias esteve cá em casa um miúdo que suspirava “faço anos em Novembro, falta tanto…” e eu respondi “eu faço 40 daqui a um ano e falta tão pouco, deixa o tempo correr devagarinho”. Ninguém tá bem com a sorte que tem.

* Quantas vezes dizemos entre amigos “não te lembras de…” e é algo com quase um quarto de século, uma boa talhada de tempo?

Sem comentários:

Enviar um comentário