segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A REPÚBLICA TAMBÉM TEVE UM GOLPE DO CALDAS


A “cedência” do espaço entre Angola e Moçambique à Inglaterra (como se houvesse outro remédio!) inflamou os republicanos. A 1 de Janeiro de 1891, juntam-se em congresso no Porto, elegendo uma direcção que não advogava uma revolta, contra a vontade dos mais radicais.
No dia 31 de Janeiro, saem à rua 3 regimentos e uma companhia da Guarda Fiscal, que caminham para a Câmara Municipal, onde um Alves da Veiga declara a República, acompanhado por figuras como o Actor Verdeal, o abade de S. Nicolau e o chapeleiro Santos Silva.
Verdeal lê a lista do governo provisório, que incluía 2 professores, um lente, um general, um desembargador, o banqueiro Pinto Leite e o médico José Ventura dos Santos Reis – que vim a descobrir, é aquele senhor da fotografia no meu corredor, tio-tetravô dos miúdos.
Parecia fácil?. Nããão. Vai daí, depois de fanfarras, foguetes e vivas, resolvem subir a R. de Santo António (agora tem a data da ocorrência) até à Praça da batalha. Acontece que lá em cima estava a guarda municipal: carga de fuzilaria mata uns quantos, debandada. 300 briosos acantonaram-se na câmara, mas renderam-se às 10 da manhã. 12 revoltosos mortos, alguns cabecilhas emigraram, prisão e julgamento de civis e 505 militares em barcos colocados em Leixões, degredo para 250 pessoas em África (alguns amnistiados em 1893).
E o governo provisório? Negou ter dado autorização para aparecer o seu nome… Um deles dá um no cravo e outro na ferradura: “mas não autorizei ninguém a incluir o meu nome na lista do governo provisório, lida nos Paços do Concelho, no dia 31 de Janeiro, e deploro que um errado modo de encarar os negócios da nossa infeliz pátria levasse tantas pessoas a tal movimento revolucionário.”

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