quinta-feira, 15 de outubro de 2015

LALALAND


Há por aí muita gente com um sonho húmido, o da união das esquerdas.
Essas núpcias podem acontecer? Não só podem, como devem experimentar, é um cenário perfeitamente legítimo (mais natural que um branco de carapinha) e esse ménage à trois tem uma vertente lúdica deliciosa: depois duma lua-de-mel a 3, com morangos com chantilly (a revogação das taxas moderadoras dos abortos) e peanuts (a aceitação da nato), virão os escolhos domésticos – uma das partes não vai querer ser o membro passivo da relação.
O PS (com um cinto de castidade chamado défice) terá que tirar o lápis da orelha e fazer contas, pois sabe que para governar a casa pode gastar pouco mais do que recebe – a austeridade é austeridade, à direita ou à esquerda, mesmo com lingerie – e ainda atender o telefone à sogra intrometida na privacidade do casal, que vive em Bruxelas e é fiadora da casa. E, no recato do lar, não pode satisfazer os parceiros, que têm ciúmes um do outro e o aguentam preso por 2 suspensórios…
Para evitar o divórcio, o BE e o PCP terão que syrizar, aceitando o que odeiam, indo contra a sua natureza, revogando o irrevogável e contentando-se com uns Mon Cheri (até quando? suspeito que não cheguem a celebrar as bodas de algodão). Nada como governar a casa para cair na real – isto não é a Lalaland –, perder as peneiras do 'ah, se fosse eu...' e saber o que é bom para a tosse.
Só por isso, valia a pena. Se o jogo fosse a feijões, mas não é... voltando à onírica imagem inicial, o país ainda acorda com a cama molhada.


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