sexta-feira, 31 de julho de 2015

PANCADAS DE MOLIÈRE

 
'Ao elenco da minha peça', foi o brinde que ouvira no repasto da véspera, a rematar um embargado discurso dedicado ao grupo de velhos amigos. Na altura, parecera-lhe ser o vinho a falar, mas agora, enquanto escanhoava a cara, aquilo fazia algum sentido, apesar, ou por causa, da cabeça enevoada como o espelho. 
As pessoas, pensou, são figurantes na 'nossa' peça, escrita a várias mãos (sim, rapaz, temos menos poder no guião do que pensamos): uns escolhidos por nós, outros presentes no casting original (ah, que saudades da avó!); uns protagonistas da história, outros personagens secundárias do enredo; uns heróis, outros vilões; estes com direito ao palco do abrir ao descer do pano, aqueles importantes num ou dois actos, aqueloutros com actuações brilhantes em apenas algumas cenas.
Bem, talvez fosse melhor estancar as sequelas das 5 lâminas da gillette fusion (uma revolução no mundo dos barbeados, diz a publicidade, e não há revolução sem mortes e feridas...), tomar um guronsan e deixar-se de filosofias baratas.
Amélia C. em Bocas de Cena

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