sábado, 15 de junho de 2013

SUPERVISÃO PARENTAL

De acordo com o ministro alemão Schäuble, a falência grega foi gerida com o método da tentativa e erro - afinal, o mesmo processo usado na educação dos miúdos. 2 exemplos.
 
O meu garoto não foi convocado para o último jogo de andebol da mini-temporada por 'entre outras coisas*, ser arisco' - termo benigno usado por uma meiga treinadora que trata as lesões com um abracinho, que significa refilão. Disse ainda que o míudo se queixa que não lhe passam a bola, mas que até passam, quando ele faz o que lhe diz.
A caminho de casa, tentei convencer a criança a não desistir já do desporto, fazer 3 ou 4 coisas e ver o resultado: primeiro, não corras de costas para a bola, desmarca-te e não faças placagens como quem pede desculpa; segundo, e recorrendo ao 'confia em mim, eu sei porque já aprendi', obedece e não resmungues, mesmo que não concordes - na altura podes ficar chateado, mas ficas a ganhar.   
Acabei de dizer isto e ouvi um rouco claxon interior: faz-me impressão que os pais não ajam como ensinam aos filhos - essencialmente derivações de respeito pelos próprios e pelos outros, como não roubar ou mentir, ser leal e trabalhador, bla-bla-bla - e o 'baixa a bolinha' é exactamente o contrário do exemplo que lhe quero dar, 'costas direitas'. 

Não há nada, mas nada, mais saboroso que ver no rosto dum filho a satisfação plena, qual Kate Winslet na proa do barco. Vi isso esta semana, quando a minha filha de 12 anos ganhou o seu segundo telemóvel, após uma campanha bem sucedida, à conta duma lacrimejante e sentida tristeza perante a crueldade do universo: então já não podia substituir o seu telemóvel táctil com 2 anos (que, pormenor, funciona como no primeiro dia)? Resultado, a compra foi aprovada por maioria qualificada, com o voto vencido olimpicamente ignorado.
Primeira lição: pode amar-se uma criança dizendo sim, e pode amar-se dizendo não. Segunda lição, (pensamos que) vivemos numa era de abundância, em que tudo é descartável.
Por isso, as 2 fotos seguintes são verdadeiras galhetas na consciência: o sorriso rasgado de um orfão austríaco (Werfel de sua graça) a quem a cruz vermelha americana ofereceu, não um 2º telemóvel, mas os primeiros sapatos novos; um rapaz inglês sentado nas ruínas duma loja bombardeada, deliciado, não com uma psp, mas com um mero livro ('A história de Londres').  

* ter herdado o meu jeito para o andebol

LIFE magazine, 1946



Londres, 8.10.1940 (Associated Press)
 

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