segunda-feira, 22 de abril de 2013

A PARÓDIA DO BORDALLO: ZOOLOGIA

'Os portuguezes são essencialmente conservadores. Por muito que esta opinião possa surprehender o nosso collega Magalhães Lima, não é menos certo que se nós mudamos com frequencia de fato, nos recusamos obstinadamente a mudar de idéas, o que faz com que em Portugal a fortuna sorria mais aos alfayates como o Sr. Amieiro do que aos evangelistas como o Sr. Theophilo Braga.'
Assim começa o 1º dos 155 números d' A Paródia, nas bancas entre janeiro de 1900 e dezembro de 1902 (houve ainda um suplemento no mês seguinte), como digno sucessor do álbum de caricaturas O António Maria (1879-85; 1991-98), uma publicação que não podia ser ressuscitada, porque 'ficou pertencendo a uma epocha que desapareceu'.
Nesse texto inaugural, os seus proprietários/caricaturistas - Raphael Bordallo Pinheiro e o seu filho Manoel Gustavo - avisam ao que veem: 'A Parodia é a caricatura ao serviço da grande tristeza pública. É a Dança da Bica no cemitério dos Prazeres.'
 
A hemeroteca digital da câmara de Lisboa acaba de digitalizar as edições todinhas d' A Paródia (http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/AParodia/AParodia.htm), pelo que está de parabéns.
O mais interessante, no périplo pela colecção, é descobrir a sua actualidade - lá está o rotativismo, o défice, a dívida -, a mesma das as farpas de Eça e de Ortigão. Parece que nada muda, só os fatos.
Eis algumas capas zoológicas.









 
 


 
 

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