sexta-feira, 8 de junho de 2012



Foram várias as conferências notáveis na TEDxCascais de 18.2.2012.
A melhor de todas talvez tenha sido a de Zé Pedro Cobra (ZPC),
'Tira-se o hífen'.
Qual a razão do título? Porque essa linha pequena faz toda a diferença: como os miúdos travessos que se desculpam com o partiu-se, perdeu-se, estragou-se ou (usado a granel) gastou-se, os portugueses crescidos continuam a usar o hífen em palavras como o isso resolve-se, trata-se, arranja-se, paga-se.
É a velha história da culpa morrer solteira, porque é de todos, não é de ninguém - afinal, quando dizemos os portugueses, a quem precisamente nos estamos a referir, quem é o nós, qual de nós é responsável?
O conselho de ZPC é experimentar remover o hífen. uma coisa é arranja-se, outra é arranja se, porque exige um complemento, arranja se fizer.

Mas o palestrante completou com acutilância o nosso retrato (mais uma vez, o colectivo em vez do indivíduo):
* a lamúria (citou Mark Twain, 'não reclames do mundo, ele chegou primeiro'),
* a mania de assistir quieto e dizer perante o insucesso 'eu avisei',
* e a resignação do execrável costume de responder 'vai-se andando' ou 'antes assim que pior' a quem nos cumprimenta - ZPC diz-nos mais preocupados em evitar problemas que em encontrar soluções, e citou Andrew Matthews no seu livro Siga o seu Coração, 'o nosso objectivo na vida não é não ter problemas, é viver entusiasmado'.
Esse foi talvez o mote de várias apresentações, façam-se à vida e procurem o sucesso, independentemente do que isso queira dizer. E pode, ou deve, não significar bens: à ditadura do consumismo e a importância do verbo TER, ZPD lembra que não somos Teres humanos, mas Seres humanos.
Sobre o tema da TED, A linha que nos separa/Alinha que nos une, ZPC justifica a dicotomia com o facto de, ao mesmo tempo, sermos únicos e sermos todos um.

Mas melhor é mesmo ver

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