quarta-feira, 30 de maio de 2012

EU NÃO LUDIBRIO!


‘Parece que é, mas não é’ era o slogan da Brasa, a bebida que aquece o coração.
Esse podia ser o chavão dos governos por essa Europa fora, que usam todas as suas capacidades de prestidigitação para suavizar a realidade: 
nada de cortes, 
só poupanças; 
austeridade é depressiva, 
consolidação é virtuosa.

Não, a crise não leva a baixas nos salários, cortes orçamentais e aumentos de impostos, que isso são castanhas a estalar na boca dos governantes. 
O que se passa mesmo é que uma desaceleração severa da economia é resolvida com a desvalorização competitiva dos salários, reformas e uma majoração temporária (?) de solidariedade.

Não, a recessão não atinge os mais fracos nem provoca desemprego, que isso é puxar para baixo. 
O que acontece mesmo é que o crescimento negativo (antítese poética) tem um impacto assimétrico e obriga à racionalização laboral.

Ó carpideiras, basta um pouco de honestidade intelectual para se ver que, tal como o ‘coiso’ (termo usado pelo ministro da Economia, bem melhor que a palavra desemprego, essa dá prurido) não aumenta, a nossa vida não anda para trás – desacelera. 
E, a propósito, o coiso tem vantagens: é uma oportunidade e, mesmo não havendo, é-se mais livre, pois há menos a perder.
No fundo, é tudo uma questão de ajustamentos, económicos e semânticos.

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