domingo, 4 de setembro de 2011

PUÂÂÂRTO (V) - NO INÍCIO ERA O MORRO DOS VENDAVAIS

O Porto 'aconteceu' no morro da pena ventosa, por volta do séc. VIII ac. Por lá passaram romanos (séc. II ac-I dc), suevos (séc. V), visigodos (585), muçulmanos (716), cristãos (750), os mouros de Almançor (1000), normandos (990) e vikingues (1014).
A primeira defesa era a cerca velha ou muralha românica, construída no séc. III e reconstruída no séc. XII. Tinha 4 portas, demolidas no séc. XIX, e 750 metros.
Mas a terra desceu para o rio. No séc. XIV, Afonso IV apanhou um susto: os castelhanos desceram pelo Minho e, não fossem as hostes dos bispos do Porto e Braga terem-nos travado em Leça, tomariam a cidade numa penada.
Vai daí, mandou erguer nova muralha em 1336, tendo a mesma sido concluída 40 anos depois, no reinado do neto - ganhando assim o nome de muralha fernandina.

O tamanho da cerca nova ou muralha gótica mostram o crescimento da urbe: 2600 metros, com 8 portas e 9 postigos. Subia junto a Miragaia até ao morro do olival (próximo da cadeia da relação), descia a calçada dos clérigos, passava onde estão o palácio das cardosas e a estação de S. Bento, subia até ao teatro de S. João, e descia para o rio nos guindais. O séc. XIX foi especialmente demolidor, a muralha e as portas deram lugar a ruas e edifícios: viva o progresso! Resultado, sobraram uns trechos da muralha (os 2 maiores junto a Santa Clara e em S. João Novo) e apenas um postigo, o do carvão, a jusante da praça da ribeira.
Com restauro, mas ou menos criativo: em 1920 e 1960 a muralha nova, e em 1940, como muitos edifícios históricos post-it da heroicidade lusitana, o restauro salazarista do bocadinho que sobrou da cerca velha e a construção de edifícios do zero - como a torre da rua de Pedro Pitões, presenteada com um balcão gótico e deslocada um bocadinho mais para baixo do local onde foram descobertos os seus vestígios.

No epicentro da cidade velha, ergue-se a Sé, desde o século XII. Nitidamente românica, também lá se encontram traços góticos (como os claustros - sem os azulejos, claro) e barrocos - surpresa nenhuma, a talha dourada 'parasitou' a generalidade das igrejas nacionais.
Relativamente pequena, como os seus claustros - para mais num senhorio do bispo até 1406 (o rei tinha até então que pedir licença para lá pernoitar; aos nobres era vedado ter casa ou pernoitar mais que 3 dias, até 1509)-, tem um altar de prata que foi engessado durante as invasões napoléonicas, para poupá-lo da gula francesa.



Claustros (séc. XIV)


Cerca velha


Estátua de Vimara Peres (868)
1º conde de Portucale e fundador de Guimarães
Torre dos Clérigos (1754-63)
Câmara, Irmandade de Sto. António
dos Congregados e estação de S. Bento
Muralha fernandina, Serra do Pilar (Gaia) e ponte D. Luiz

Torre da rua de Pedro Pitões

Pelourinho de 1945 e Paço episcopal (dta.)
O amplo terreiro da Sé foi criado em 1940 à custa dos quarteirões medievais,
obrigando à transferência da Capela dos Alfaiates e ao desaparecimento
da cadeia do bispo, da casa do Conde de Castelo de Paiva, do largo
do açougue e das ruas das Tendas, do Faval e da Francisca
Gaia

Casa-museu Gerra Junqueiro
(Rua de D. Hugo, traseiras da Sé)
Pano de Santa Clara

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