"Para certos republicanos a República tem sido um pé de cabra com que vêem aumentando os seus haveres." Senador João de Freitas, histórico republicano, in Boletim parlamentar do Senado, 11-06-1913
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segunda-feira, 6 de junho de 2011
FUTURO SORRIDENTE
Agora sim, avizinham-se tempos de bonança, com a nova governação.
Como tenho dito, com o Portas no governo a agricultura vai florescer, as hortas vão medrar, os jardins vão acordar searas, as floreiras vão dobrar nas varandas, com o peso das corolas. Portugal será, num ápice, o maior produtor de lichias a nível mundial, "vão vir" charters de chineses todas as semanas, para aprender connosco.
A sério, o pior ainda vem aí, um garrote inédito dos portugueses e uma contestação social nas ruas como não há memória.
A gente aguenta, desde que:
- o esforço não seja em vão, i.e., o défice diminua e a dívida seja controlada, sem martelar de contas;
- haja liderança pelo exemplo, i.e., acabem sinecuras, reduzam os rodos de viaturas, assessorias, consultadorias, inaugurações, nomeações "amigas", cartões de crédito, institutos ininputáveis e empresas públicas - o esforço deve começar por cima, não quero um país de Migueis Relvas e reputados economistas com 3 pensões e 17 assentos em conselhos de administração, a dizer que o povo tem que gastar menos.
- não fique ninguém de fora e o contributo seja proporcional.
Em 2 palavras, que haja PUDOR e accountability, que podemos traduzir por prestação de contas.
E já agora, que o povo olhe para o Estado com menos esperteza saloia: não fraccione despesas de dentista para duplicar o ADSE, passe e exiga facturas, não peça apoios sociais a que não tem direito, repudie as cunhas (e abdique das suas), não prefira estar desempregado, não espolie o erário em contratos públicos, não use o telefone do serviço para ligar para a irmã do Luxemburgo.
Crise é sinónimo de oportunidade, esperemos que a atrofia sirva para alguma coisa.
Até lá, durante uns anos, Portugal vai submergir.
Graças a Deus, temos lá um perito em submarinos.
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