segunda-feira, 18 de abril de 2011

NÃO PAGAMOS?

geração rasca, luta anti-propinas, 1991-93

A esquerda da esquerda recusa sentar-se à mesa com a troika de senhores que nos vai emprestar dinheiro a juros inferiores aos que conseguimos no mercado, e anda p'aí com umas ideias sobre o pagamento da dívida. Esses MITOS URBANOS são simpáticos e tal, mas não é por isso que deixam de ser mitos.
Comecemos pelo PCP: não queremos o FMI, impõe-se é uma renegociação da dívida! A Grécia anda há vários meses a tentar sem sucesso renegociar a dívida com os credores, e apenas conseguiu a diminuição dos juros a pagar aos seus pares europeus - depois de mais medidas inspiradas no seu legislador Drácon. Portugal também não tem força negocial para escolher juros e prazos de pagamentos - em qualquer negócio, decide quem está menos necessitado -, mas pode declarar bancarrota e ficar sem acesso a crédito, isso pode.
Agora o BE, inflamado com o exemplo viking: a solução é fazer como os islandeses e não pagar a dívida! Ora bem, a Islândia não deixou de pagar a dívida pública, o que o povo decidiu foi não pagar o dinheiro que aforradores estrangeiros (principalmente 5000M€, de 400.000 ingleses e holandeses) tinham nos bancos nacionais falidos, que o Estado "nacionalizou" - deixou de aceder aos "mercados" e vive de empréstimos bilaterais, como a China e a Polónia, e do FMI. Ora, não há cá "emprestadados", pessoa honrada paga o que deve, o que pediu e gastou; mas admitamos, em tese, que não pagávamos - quem nos emprestaria, a partir desse dia, um cêntimo, uma piastra ou um kuanza?
É que o problema é que, não só estamos estrangulados em (juros de) dívida, como continuamos a precisar que alguém (esses agiotas!!!!*) nos empreste dinheiro quase semanalmente. Nós é que estamos precisados do dinheiro dos outros, como de pão para a boca.

* A culpa não é dos tesos, é destes filhos do Demo, como eram apelidados os judeus prestamistas do séc. XIV, não é?
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