sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A SENHORA MARQUESA

Pietro Mocenigo, Doge de Veneza (1406-76)

Sabe, as pessoas acreditam viver uma vida, mas o que acontece é que vivemos várias.
Olga Cadaval

Luís Osório escreveu no Sol um texto muito bonito sobre Olga Maria Nicolis di Robilant, Marquesa de Cadaval (1903-1996), pessoa para quem eu só encontro um adjectivo, uma Senhora.
O relato baseia-se no único encontro entre ambos, no seu palacete, gasto (perdão, ganho) com fotografias e histórias passadas.
Vida rica, lá estavam fotos com Coco Chanel, André Malraux, Cole Porter, Stravisnky, Graham Greene. Vida cheia, recordaram-se histórias como aquela nos anos 20, em que recebeu 2 amigos por uns dias, apenas Rubinstein e Ravel, os próprios.
Uma vida de meter inveja.
É um facto que se tem várias vidas, em particular se a vida é longa: bébé em Turim, menina em Florença e Veneza, enfermeira da Cruz Vermelha na 1ª guerra mundial, marquesa em Colares, viúva aos 39, presidente da Sociedade de Concertos, mecenas da cultura.*

Com sangue austríaco, checo e russo (como mandam as alianças entre nobres), descendente de Catarina da Rússia, Frederico II da Prússia (patrocinador de Bach) e de 7 Doges de Veneza (um deles patrono de Monteverdi), Olga casou à altura com D. António Caetano Álvares Pereira de Melo, descendente dum Restaurador e de Pedro Álvares Cabral - um orgulho, digo eu.

* Haverá vidas com menos vidas (passe o paradoxo), com um epitáfio tipo "simão josé, nasceu, trabalhou e morreu em Vale da Mula".

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