domingo, 19 de dezembro de 2010

KISSINGER E A PORTEIRA


O José António saraiva tinha uma crónica no Expresso em que acertava sempre, porque fazia um prognóstico e o seu contrário: fulano vai ganhar, mas também vai perder, sicrano está certo, mas também está errado, a decisão é boa, mas faz mal...

É assim que eu vejo o WikiLeaks.
É perigoso e errado publicitar quais os lugares considerados mais sensíveis para a segurança dos Estados, dirigindo-lhes os holofotes. Assim como é mais próprio de alcoviteira a divulgação de considerandos sobre a vida privada ou do carácter de políticos - que interessa o gosto do Berlusconi por boas companhias? Há ainda que ter em conta que algumas das informações podem não ser verídicas, é suposto 'checá-las' – e alguns jornais conseguiram provar a impossibilidade de algumas delas estarem correctas.
Mas há o outro prisma: confirma-se que a diplomacia (no caso, americana) também se faz com o “diz-que-disse” e conversas de alcova, que a linguagem é pouco polida - o candidato do BE/PS é chamado de Alegressaurius - e que a análise é tão profunda como a dum treinador de sofá, pois o retrato que chega a Washington é bem desfocado: desde quando é que Portas é um líder altamente respeitado (tirando os seus eleitores)?
Confirma-se ainda que a realpolitik de Henry Kissinger está vivinha da silva: já não se apadrinham golpes de estado (?), mas seguram-se regimes corruptos e autoritários em troca de negócios ou apoio logístico-militar. Um exemplo apenas: a embaixada no Usbequistão afirma que a família do presidente é fulcral no crime organizado da Ásia central, mas a prioridade é manter a aliança, pois o país é usado como plataforma logística na guerra do Afeganistão. Outro Noriega, décadas depois.

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