sexta-feira, 19 de novembro de 2010

SURPRESA!!!


Como dizia a mãe do Forrest Gump, a vida é como uma caixa de chocolates, nunca sabemos o que vem lá dentro. Eu diria isso dos livros, volta-não-volta temos umas surpresas. Cá vamos.
Deve acontecer com toda a gente, compro livros ou porque já li outros do mesmo escriba, ou pelas capas, ou pelo resumo, ou pelos comentários entusiastas da contracapa, ou ainda porque alguém me falou nele, ou por causa de entrevistas que calha ver.

Pois o que estou a ler, comprei depois de ver a entrevista do Mário Crespo ao director do Expresso, Henrique Monteiro. A personagem é uma velha com 88 anos, que vai galgando assuntos, repassa uma vida intensa desde a guerra civil espanhola, enquanto vê o mar da sua cadeira.
Fui convencido quando o autor leu na SIC notícias o parágrafo que encerra um capítulo.
É triste que não morramos duma vez, mas aos poucos. E a parte mais triste é sempre aquela que persiste em viver. A minha cabeça mantém-se fora do mar, mas quase todo o corpo já se afogou. Sou, pois, uma náufraga de mim própria, à qual, já não podendo retirar o resto do corpo da água, resta esperar que a maré suba, de modo a afogar-lhe o que falta. Ou ter a ousadia de mergulhar…
Promete, não promete?

Estava preparado para tudo, menos para o parágrafo anterior, a razão daquela metáfora: a senhora quis tocar nas partes íntimas e deparou-se com a fralda.
Não sei se interessa para o caso, Monteiro Henrique escreveu o romance (é assim-assim) em duas quinzenas, como conta na última página…


n.r.: Salvador Dali 1929

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