"Para certos republicanos a República tem sido um pé de cabra com que vêem aumentando os seus haveres." Senador João de Freitas, histórico republicano, in Boletim parlamentar do Senado, 11-06-1913
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quinta-feira, 29 de julho de 2010
SERÁ FADO?
Situemo-nos, Portugal século XIX.
Solo de má qualidade, clima seco, falta de matéria-prima combustível (no caso, carvão), população pouco qualificada, aumentos de produtividade modestos (38% relativamente à fiação de algodão em Inglaterra, por exemplo), salários baixos mas custo unitário de mão-de-obra alto, crescimento anual da despesa do Estado acima da subida das receitas e quase o dobro da taxa de crescimento económico, explosão da dívida pública (de 80000 para 600000 contos, entre 1850 e 1890 – correspondendo a 70% do PIB –, bastando os juros para consumir 60% da receita pública), importações sempre acima das exportações, crescimento do PNB sim, mas a afastar-se da média europeia.
“Cada vez que más colheitas obrigavam a mais importações, as remessas dos emigrantes (brasileiros) diminuíam ou o acesso ao crédito externo se tornava mais difícil, devido a crises financeiras internacionais, havia aflição em Lisboa”.
Lembra-vos alguma coisa? Pois.
Havia contudo umas diferenças de pormenor: a carga fiscal podia subir, pois representava apenas 4.4% do PIB, havia taxas alfandegárias para aumentar e o poder de desvalorizar a moeda ou imprimir dinheiro. E esses expedientes a gente já não tem.
Uma chatice.
* Muito antes do país do betão do Cavaco, houve o Portugal do macadame de Fontes Pereira de Melo, que rasgou vias férreas (Porto-Lisboa passou de 7 dias de diligência para 8 horas de comboio), pontes, túneis e estradas pelo país. Disse o Estadista “Tudo stá contente. O povo está feliz, quer estradas e nada mais”...
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