...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".

quinta-feira, 8 de abril de 2010

PRIMEIRO ERA O VERBO



Com uma criança na escola, sou forçado a tirar o pó aos arquivos mortos, armazenados no limbo da minha memória.
Mesmo não dando calinadas na gramática, já foi há muito que estudámos os grupos nominais, os complementos (que já não se chamam assim, são grupos móveis, parece*), os pretéritos imperfeitos e os mais que perfeitos: sabemos como se escreve, mas nem sempre conseguimos sistematizar a informação toda.
Isto na maioria dos casos, pois há situações que esquecemos por falta de uso. Um exemplo é o tempo verbal na segunda pessoa do plural, o VÓS.

A ensinar a minha petiz, já me encontrei e debitar um verbo em alta velocidade, dando um cheirinho no travão ao chegar ao "Vós", em alguns verbos menos frequentes. Experimentem um fácil, eu cantava, tu cantavas, vós…?
Na verdade, a culpa não é nossa, apenas alienámos ao longo de décadas um sexto da nossa gramática verbal, quase ninguém aplica o Vós, preferimos conjugar o “vocês” e a terceira pessoa do plural. E quando o fazemos, é quase por brincadeira, como o “ide à vossa vida”.
Mas ainda existem alguns redutos nas Beiras e em Trás-os-Montes, que mantêm presente o vós na sua oratória, como garantia da sua identidade. Às vezes de formas exageradamente hiperbólicas: não esqueço a minha senhoria, quando estudei em Vila Real, cuja frase preferida era “vós fazerdes como entenderdes”.

* Mudanças tão importantes (ironia), quanto confusas, como chamar senhor buzina ao polícia apito, ou trocar os nomes todos aos 5 da Enid Blighton e chamar Max ao cão Tim. Não tem graça nenhuma.

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