terça-feira, 28 de julho de 2009

A culpa deve ser minha


Almeida Santos tem a impressão que “alguns artistas plásticos modernos são trapaceiros” (Sol, 24/7/2009). Acha ele que, se uma pilha de latas de cerveja empilhadas for escultura, não a compreende. Confesso que algumas obras também me suscitam dúvidas.
O Museu Reina Sofia tem um espólio fantástico de arte contemporânea. No acervo há muitos quadros de Miró, desde os mais elaborados a telas de 2 por 4 metros, a quem o Autor entregou apenas um risco vermelho ondulado, sozinho ou acompanhado por outro risco amarelo.
Presumo que lhe chamem arte e valha milhões, e que os entendidos encontrem uma qualquer mensagem subliminar. Eu não! Quem viu a peça do António Feio, o Zé Pedro Gomes e o Miguel Guilherme, acerca dum quadro valioso todo/apenas branco, há-de perceber.
Acho Miró genial, mais pela sua imaginação e estilo inconfundível que pela qualidade plástica, um pouco infantilizada. Parece-me que há pintores espanhóis muito mais versáteis, que sabiam desenhar e pintar o que quisessem, como Picasso, Dali ou Goya.
Mas há outros exemplos das minhas limitações: onde eu vejo apenas 4 jarras (perfeitas) numa natureza morta de Zurbarán, o audioguide descobre uma “profunda e intensa religiosidade que poderia evocar as palavras de Santa Teresa de Ávila, até entre as panelas está o Senhor”...
Assinado: um ignorante fascinado pela mestria dos detalhes da pintura flamenga do sec. XVII, pelo modo como aqueles estafermos conseguiam pintar diamantes e veludo de forma tão real.

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